sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O renascer do Espírito da Águia

Acalmem-se os mais fervorosos adeptos do pró ou do contra que não é do símbolo de um clube de futebol português que vamos falar, antes doutra Águia, a prestigiosa revista da Renascença Portuguesa do século ora findo que extinta, qual Fénix renascida adaptada ao séc. XXI, reaparece agora em Espírito com o projecto Nova Águia.

Dir-me-ão que “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, como escrevia Camões - símbolo enorme da Lusofonia. Mas dou comigo a pensar que se na história dialéctica do tempo perscrutámos o constante devir heraclitiniano, também não nos poderá ser alheio o realçar de um talvez encoberto Uno parmenídeo.

Ora o projecto Nova Águia relança neste século o Espírito da Lusofonia, onde se destaca entre outros ilustres, o grande vulto que foi Agostinho da Silva (1906-1996), que como se lhe refere a página da net do Instituto Camões, defende que a Cultura:

“«faça que o povo português tenha confiança em si mesmo», entendendo por «povo português» não apenas os portugueses de Portugal, mas também os do Brasil, laçados de índios e negros, os portugueses de África, tribais e pretos, como também os da Índia, de Macau e de Timor”.

Acalmem-se contudo aqueles que talvez como eu, jovem dos anos sessenta do século passado, desconfiaram do poder político de então, entendendo que era tempo de se acabar como o fechamento de sentido que representava o insistir-se numa ideia de Estado do Minho a Timor, não se compreendendo a necessidade da emergência de novos Estados lusófonos. Se no séc. XIX tinha aparecido o Brasil, com o grito do Ipiranga do nosso rei D. Pedro, IV de Portugal e I do Brasil, era então tempo de se entender “os ventos da história”, descolonizar-se, dando-se novos Estados ao Mundo, imbuídos de cultura lusófona.

Com o necessário distanciamento do tempo em relação à dolorosa guerra colonial passada, às feridas abertas da descolonização que se seguiu e que começam a sarar, é agora tempo de voltarmos a reencontrar novo ânimo, relançar aquilo que une os actuais Estados da Lusofonia ainda incipientemente reunidos na Comunidade de Povos de Língua Portuguesa (CPLP).

É nossa convicção que o projecto Nova Águia vem prestar um grande contributo à Lusofonia e à diversidade de povos que nela tem raízes e pelo Mundo “se encontram repartidos” .

Pensamos que para além do imediato do homem económico, a finitude da Vida nos remete sempre para o seu Sentido. Seja qual for a postura que tenhamos face à possível transcendência que ela possa encerrar, se tal como nos dizia Vinícius de Morais, essoutro grande vulto da lusofonia, “Cultura é fundamental”, enfatizaremos que para darmos esse Sentido à Vida, o “homem português” terá de se reencontrar, relançando-se nas suas raízes, ajudando a crescer uma cultura que subjaz a todos estes Estados – a Lusofonia.

Interessa por tal estarmos atentos a este projecto, por que não aderir e divulgá-lo?!... É neste contexto que quero trazer aos leitores deste blogue a notícia de que já foram lançados os n.º 1 e 2 da revista Nova Águia. Podem ainda saber mais, usando as novas tecnologias, indo a novaaguia.blogspot.com, ou digitando no Google “Nova Águia” e assim acederem ao blogue cuja procura já rivaliza com a da dita Águia símbolo de um clube de futebol.

A revista está vinculada a três entidades: Associação Marânus/Teixeira de Pascoaes, Associação Agostinho da Silva e MIL (Movimento Internacional Lusófono). Como se refere em contracapa o n.º 1 de Nova Águia, esta “inspira-se na visão de Portugal e do Mundo de Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva, assumindo-se como órgão plural”.