domingo, 27 de dezembro de 2009

Não sejamos ingénuos, ou...

Comentário meu, na Visão on-line, a artigo de Ricardo Araújo Pereira de título "A secessão do Red Bull" de 23 de Dezembro de 2009.


Às vezes são pequenas coisas que nos acordam para grandes injustiças. Houvesse regiões, a transferência do Red Bull Air Race nunca teria acontecido, depois do êxito que foram as corridas no Porto, que tanta inveja criou a alguns bem falantes lisboetas que esconderão ainda um doentio clubismo.

Só ingénuos, ou quem pretende esconder e defender o centralismo lisboeta, é que acreditará que tudo não passa de uma vontade da firma em mudar de cenário, que não foram mais dinheiros públicos oferecidos, pressões políticas do poder central, aliados à vontade autárquica (que esta não critico…), a ditar a polémica transferência.

Contudo há males que vêm por bem. Este caso alertar-nos-á, pode contribuir para a unidade do Povo pela Regionalização, a fim de se derrotarem os que em nome da unidade do país tudo têm feito para a obstar.

Foi o discurso da pretensa quebra da unidade do país aliado a outros jogos sujos que ludibriou os portugueses no referendo, o que lembra o discurso do antigamente, por ex. dizer-se que havendo pluripartidarismo também a unidade do país estava em causa.

O norte é a região do país onde está a "proto-história" de Portugal, região das que mais contribui com suas pequenas e médias empresas para o equilíbrio da deficitária balança comercial, das que mais tem sido espoliada com desvio de verbas QREN e do crédito tão necessário às pequenas e médias empresas, para servir-se algumas faraónicas obras públicas, quase todas na área da Grande Lisboa.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Another break in the wall

Comentário meu ao artigo do Expresso on-line de 19Dez2009 de título: “Copenhaga: ambientalistas acusam acordo climático de ser falsa partida”

À medida que procuro mais informação sobre causas das ditas alterações climáticas, eu que no início embarquei também nesse politicamente correcto do IPCC, cada vez mais me convenço do grande embuste, talvez financiado por grandes interesses económicos de indústrias emergentes, que com suas propostas nos querem fazer crer que travarão esse apocalipse.

É assim que depois de ter visto o Eng. Rui Moura em “Expresso da Meia-Noite” da SIC/N, dia 11dez09, vi seu blog Mitos Climáticos, li entre outros post do maior interesse (http://mitos-climaticos.blogspot.com/2009/08/cientistas-alemaes-contestam-pseudo.html) , carta de destacados cientistas alemães a Angela Merkel de 26jun09 (ouviram noticiar?!... o muro da comunicação social ao serviço do embuste tem funcionado!...). Cito:

“a crença de que as alterações climáticas são culpa do homem tornou-se numa “pseudo-religião”. Os seus defensores, sem imaginação, colocam no pelourinho os analistas e os especialistas independentes que se baseiam em factos.

Felizmente, é possível encontrar na internet inúmeros trabalhos científicos que mostram, em pormenor, que não existem alterações climáticas antropogénicas causadas pelo CO2.”

É isto que aconselho aqueles que de facto procuram a verdade e não querem ser conduzidos pela informação que não divulga o contraditório aos que veiculam essa pseudo-religião.

Não se confunda poluição com alterações climáticas


Comentário meu ao artigo Expresso On-line em 2009-12-19 sab: "Copenhaga: acordo vago e sem ambição acaba com liderança da UE"


A cimeira de Copenhaga acaba sem honra porque começa com um não problema, a pretensa causalidade do CO2 antropogénico no dito aquecimento global, que discutível, corrige-se o tiro para alterações climáticas.

Quem pretender outra informação além do politicamente correcto do IPCC veja por ex:
- post “Lógica e falácia da correlação-causalidade” (2007, Prof. Jorge Buescu), blog De Rerum Natura;
- Climategate, posição Prof. Delgado Domingos divulgada no Expresso;
- O programa Expresso da Meia-Noite, SIC Notícias: Cimeira de Copenhaga em: http://videos.sapo.pt/ . Atente-se na posição do Eng.º Rui Moura autor do blog Mitos Climáticos.

A visão apocalíptica do Homem responsável pelas alterações climáticas omite causas bem mais reais para a circulação atmosférica responsável por possíveis alterações climáticas:
- ciclos de Milankovitch que têm a ver com movimento de precessão dos equinócios; excentricidade orbital e inclinação do eixo da terra.
- ciclos de actividade solar, de que fala Buescu, que ocorrem mais ou menos de 11 em onze anos.
- as variações magnéticas.

Para se ver a falta de isenção científica do IPCC vasta lembrar que procuraram minimizar em relatório a existência do período medieval quente (séc. X a XIV) que permitiu a aventura marítima Viking, procurando-se só relacionar o dito aquecimento global com a revolução industrial de meados do séc. XVIII até presente?

Combata-se poluição sem demagogia, não se confunda esta com alterações climáticas.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Alterações Climáticas, “o Homem está inocente...”

Comentário meu ao artigo “O Apocalipse da Greenpeace” de Henrique Raposo em 2009-12-16, in Expresso On-line.


O “paradigma” do dito aquecimento global, atribuível ao Homem, pela pretensa causalidade do CO2 antropogénico começa finalmente a abrir brechas.
No passado também fui sensível à argumentação, só que sempre tive a dúvida de se a nível planetário poderia o Homem ser assim tão determinante.
Fizeram-me reflectir, entre outros, os pontos seguintes:
1 - post “Lógica e falácia da correlação-causalidade” (2007, Prof. Jorge Buescu), blog De Rerum Natura;
2. Climategate, posição Prof. Delgado Domingos divulgada no Expresso.
3. O programa Expresso da Meia-Noite, SIC Notícias: Cimeira de Copenhaga em: http://videos.sapo.pt/ Acho de todo o interesse ver-se, atentar-se na denúncia fundamentada, serena, do Eng.º Rui Moura autor do blog “Mitos Climáticos”. Como referiu “o Homem está totalmente inocente nas alterações climáticas”.

Ainda acerca desta visão apocalíptica porque se omitiram factos que esses sim talvez possam explicar forte causalidade, mas incontroláveis ao Homem: 1. ciclos de Milankovitch que têm a ver com movimento de precessão dos equinócios; excentricidade orbital e inclinação do eixo da terra. 2. ciclos de actividade solar, de que fala Buescu, que ocorrem mais ou menos de 11 em onze anos. 3. as variações magnéticas.
E ainda, porque se tenta omitir a existência do período medieval quente (sec. X a XIV) que permitiu o expansionismo Viking e só se procura relacionar o pretenso aquecimento actual com a revolução industrial de meados do séc. XVIII até presente?

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Acerca do artigo Visão: “Doze perguntas e respostas para perceber Copenhaga”

Acerca da pergunta/resposta 11 do artigo da Visão (07Dez2009): “Ainda há dúvidas científicas sobre as alterações climáticas e a responsabilidade do Homem no fenómeno?”

Comentários meus nesse artigo

1.Quanto ao aquecimento global concordo com a hipótese levantada no post “Lógica e falácia correlação-causalidade” do Prof. Jorge Buescu no blog De Rerum Natura (2007). Basta digitar o dito título no Google e ler-se uma posição científica que presumo muito consistente, raramente referida na comunicação social quando se aborda o tema da pretensa causalidade das emissões do CO2 antropogénico no aquecimento global. Assim cito:

“(Já agora, para que não haja alarmismos injustificados: a actividade humana é responsável por apenas 3% das emissões de CO2, que por seu lado constituem apenas 20% dos gases de efeito de estufa; 70% são vapor de água.) Aumento de temperatura e aumento de CO2 estão de facto correlacionadas e vão a par. Mas sempre foram! E o aumento do CO2 sempre se seguiu ao aumento de temperatura! A causa não é o Homem: é outra, que provoca ambas estas variações correlacionadas.(…)

Os ciclos solares essenciais foram identificados em 2001, e têm sido confirmados independentemente, por vários métodos, desde então. Se for este o mecanismo de forçamento do clima, e portanto do aquecimento global, bem podemos tentar diminuir as emissões de CO2 à vontade: estamos a dar a resposta errada a um pseudoproblema. Temperatura e CO2 vão aumentar acompanhando a verdadeira causa, o aumento da actividade solar. Correlação não implica causalidade.”

Por que não lermos também posições científicas que não se enquadram no politicamente correcto do dito aquecimento global?!.

2. Após comentário de "a dúvida” que agradeço, reflecti mais detalhadamente na P/R 11 de "A Visão". Assim acentuo ser do maior interesse ler-se o post “Lógica e falácia da correlação-causalidade” de 2007, no blog De Rerum Natura. Aqui fica, com a devida vénia, parte do comentário do Prof. Jorge Buescu feito a comentários similares colocados no dito.

"Finalmente, devo dizer que o IPCC não é, como se pensa, uma espécie de super-autoridade com isenção absoluta. É essencialmente um corpo político (PAINEL INTERGOVERNAMENTAL SOBRE ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS: no nome aparecem os Governos, não a Ciência. Não é uma Comissão Científica; é um órgão político. A maioria dos seus membros são políticos e representantes dos governos sem credenciais em climatologia. Claro que integra cientistas, e tenta sem dúvida recrutar os melhores, como corpo consultivo. Contudo, o IPCC tem uma longa história de representação errada da realidade científica: em 1996 a parte científica do Relatório foi modificada, após o peer review, para estar de acordo com o Summary for policymakers. Isto foi um escândalo na altura. Contei o ultimo episodio de manipulação mais do que duvidosa da Ciência mais do que duvidosa no meu post sobre o Taco de Hóquei. O IPCC até quis eliminar dos livros de História e Climatologia em 2001 a existência de um "Período Quente Medieval" e de uma "Pequena Idade do Gelo" (aspas do IPCC), reduzindo-as a "pequenas flutuações de menos de um grau", num acto de revisionismo estalinista."

3. Acerca da ‘teoria da conspiração’ das companhias petrolíferas reitero salientar nos meus comentários que haverá uma agenda política menos clara que pode estar a ser condicionada por fortes interesses económicos emergentes, de forma a beneficiar-se empresas e tecnologias que nos dizem poder responder ao pretenso aquecimento global proveniente do CO2 antropogénico.

Talvez elas façam tanto ou mais lobby do que as petrolíferas pelas quais não nutro simpatia. Oxalá os carros eléctricos vinguem. Contudo como produzirmos mais energia em termos competitivos?... Não cabe aqui abordar a complexidade da temática. Sempre foi entretanto minha percepção que a nível do planeta somos um pequeno grão na engrenagem, muito longe de podermo-nos “pôr em bicos de pés” e pensarmos que somos determinantes na seu evoluir, o que não quer dizer que nos demitamos de procurar controlá-lo a nosso favor. Só que há imensa especulação e manipulação em função de objectivos políticos menos claros.

Por ex. por que não se limitam entradas de tantos carros nas cidades, que criam localmente pequenas “ilhas de calor”, contribuindo para uma maior poluição e bem menor qualidade de vida?! A decisão não é fácil… Mas é aliás isto que cientistas honestos, que não se deixem condicionar pelo vil metal nos alertam, só que esses talvez sejam bem menos ouvidos. Veja-se a propósito a posição do Prof. Delgado Domingos “O escândalo do Climategate e a conferência de Copenhaga” também no blog De Rerum Natura.

sábado, 5 de dezembro de 2009

O escândalo do Climategate e a conferência de Copenhaga.

Comentários meus no blog “De Rerum Natura” a post de Jorge Buescu

Da falibilidade humana

Parece-me hoje cada vez mais evidente a existência de uma agenda política menos séria a inquinar a possível verdade científica à volta do tema do aquecimento global. Acontece que foi um seu artigo neste site, “Lógica e falácia da correlação-causalidade” que me fizeram reflectir à data (2007), de que por vezes a ciência pode ser atraiçoada por cientistas que “vendem a alma ao diabo” e se submetem a interesses menos nobres ao porem-se ao serviço de estratégias menos honestas de alguns grupos empresariais.

Este é um Problema Político muito real, pois como homens talvez quase todos (uns mais outros menos, quem se achar totalmente imune que atire a primeira pedra…), podemos-nos deixar seduzir pelo vil metal, servirmos-nos de algo que tem credibilidade – a ciência, para se apoiar pretensas soluções científicas que objectivamente os seus próprios autores sabem decerto estarem erradas, mas trazem a alguns muito lucro.

Dou-lhe assim os meus parabéns pelo interesse que tem dedicado à causa, pois ainda que haja aquecimento global, que põe como hipótese nesse dito artigo, diferente deste que o questiona, vejo no Prof. Jorge Buescu a procura do que realmente deve orientar a pesquisa científica, a procura de uma “maior verdade”, sempre sujeita à possível refutação popperiana, mas que não é conduzida por ínvios caminhos de se fazerem favores a estratégias empresariais e ao vil metal.

Contudo sem pensar em possíveis arquétipos platonianos de verdade, antes socraticamente questionando, julgo, como disse, ser possível encontrarmos uma “maior verdade”.É neste caso e similares que julgo ser possível aos agentes da Ciência e da Politica mais militantes denunciarem, usando o papel importante da Lógica, aqueles que nos querem vender soluções falaciosas só para servirem os seus interesses egoístas pessoais e de mercado.

Parece-me que todo este alarido do aquecimento global não passará de uma tremenda falácia motivada por muito fortes interesses de marketing tendo em vista favorecer estratégias de indústrias que propõem possíveis soluções.



Ainda acerca da falácia correlação-causalidade

Verifiquei que ao comentar em anterior escrito o seu post referente à posição do Prof. Delgado Domingos, não abordei o que de maior interesse encontrei no seu post “Lógica e falácia da correlação-causalidade”, ou seja o pouco significativo efeito do CO2 antropogénico no possível efeito do aquecimento global.

Embora a ciência seja um óptimo meio de o Homem poder controlar a seu favor a adversidade do meio ambiente haverá contudo a nível macro desenvolvimentos cósmicos que o humano dificilmente algum dia poderá controlar, tal como o facto de um dia a expansão solar vir a engolir todo o nosso sistema planetário, só restando talvez ao humano ter nesses dias muito longínquos, meios tecnológicos de aportar a outro sistema estrelar num exoplaneta habitável ao humano.

Mas como não queremos fazer ficção científica ou futurologia julgo que será de todo o interesse estudarmos no presente os efeitos da actividade solar para a vida futura no planeta, sem contudo negligenciarmos os efeitos negativos de muitas actividades humanas como são referidas pelo Prof. Delgado Domingos, bem diferentes contudo das fundamentalistas soluções dos ditos paladinos do aquecimento global onde despontam Al Gore e outros, e que terão como motivação principal lançar alarmismo para se venderem soluções de duvidosa validade que seriam “insustentáveis por excessivamente dispendiosas e pouco eficientes” como se refere aqui num interessante comentário.

Assim queria perguntar-lhe se não continuará válido o que referiu no dito post (23Abr2007) e que cito:

“(Já agora, para que não haja alarmismos injustificados: a actividade humana é responsável por apenas 3% das emissões de CO2, que por seu lado constituem apenas 20% dos gases de efeito de estufa; 70% são vapor de água.)

Aumento de temperatura e aumento de CO2 estão de facto correlacionadas e vão a par. Mas sempre foram! E o aumento do CO2 sempre se seguiu ao aumento de temperatura! A causa não é o Homem: é outra, que provoca ambas estas variações correlacionadas.
(…)
Os ciclos solares essenciais foram identificados em 2001, e têm sido confirmados independentemente, por vários métodos, desde então. Se for este o mecanismo de forçamento do clima, e portanto do aquecimento global, bem podemos tentar diminuir as emissões de CO2 à vontade: estamos a dar a resposta errada a um pseudoproblema. Temperatura e CO2 vão aumentar acompanhando a verdadeira causa, o aumento da actividade solar.

Correlação não implica causalidade.”

Para eventuais leitores deste comentário só terei a dizer que pessoalmente nunca o conheço, só deste blog, e se refiro o citado artigo é porque o julgo muito válido para a abordagem séria do tema do aquecimento global, como tal será de toda a justiça citá-lo o que aliás tenho feito em comentários a notícias sobre a temática, em especial no jornal Expresso.

quarta-feira, 11 de março de 2009

O RENASCER DO ESPÍRITO DA ÁGUIA

Acalmem-se os mais fervorosos adeptos do pró ou do contra que não é do símbolo de um clube de futebol português que vamos falar, antes doutra Águia, essa prestigiosa revista da Renascença Portuguesa que qual Fénix renascida adaptada ao séc. xxi reaparece agora, em Espírito, através do projecto Nova Águia.

Dir-me-ão que “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, como escrevia Camões - símbolo maior da lusofonia, ao que poderemos contrapor que, se na história dialéctica do tempo perscrutámos o constante devir heraclitiniano, também não nos deverá ser alheio o darmo-nos conta de um talvez encoberto uno parmenídeo.

Assim o projecto Nova Águia procura relançar neste século o Espírito da Lusofonia, onde se destaca entre outros ilustres o vulto de Agostinho da Silva (1906-1996), que como se lhe refere a página da net do Instituto Camões, defende que a Cultura:

“«faça que o povo português tenha confiança em si mesmo», entendendo por «povo português» não apenas os portugueses de Portugal, mas também os do Brasil, laçados de índios e negros, os portugueses de África, tribais e pretos, como também os da Índia, de Macau e de Timor”.

Acalmem-se também aqueles que como eu, jovem dos anos sessenta, desconfiaram do poder político do Estado Novo, entendendo-se à data que seria tempo de se acabar com o fechamento de sentido que representava o insistir-se numa ideia de Estado do Minho a Timor, não se compreendendo a necessidade da emergência de novos Estados lusófonos. Se no séc. xix tinha aparecido o Brasil, com o grito do Ipiranga do nosso rei D. Pedro, IV de Portugal e I do Brasil, seria então já tempo de se entender “os ventos da história”, descolonizar-se, dando-se novos estados ao Mundo, imbuídos de cultura lusófona. Mas são já tempos passados. Com o necessário distanciamento do tempo em relação à guerra colonial passada, às feridas abertas pela descolonização que começam a sarar, é agora tempo de reencontrarmos um novo ânimo, relançarmos aquilo que une os actuais Estados da Lusofonia ainda incipientemente reunidos na Comunidade de Povos de Língua Portuguesa (CPLP).

É, assim, nossa forte convicção que o projecto Nova Águia vem prestar um grande contributo à Lusofonia e a toda a diversidade de povos que nela sentem raízes e pelo Mundo “se encontram repartidos”. Pensamos que para além do imediato do homem económico, a finitude da Vida nos remete sempre para o seu Sentido. Seja qual for a postura que tenhamos face à possível transcendência, se tal como nos dizia Vinícius de Morais - essoutro grande vulto da lusofonia - “Cultura é fundamental”, enfatizaremos que para darmos esse Sentido à Vida, o “homem português” terá de se reencontrar nas suas raízes, ajudando a crescer uma cultura que subjaz a todos os Estados da CPLP – a Lusofonia.

Interessa por tal estarmos atentos ao projecto Nova Águia, por que não aderir e divulgá-lo?! É neste contexto que queremos trazer aos leitores deste jornal a notícia de que já foram lançados os n.º 1 e 2, estando para breve o lançamento do n.º 3 da revista Nova Águia, cuja periodicidade será semestral. O primeiro número (1º semestre de 2008) tem como tema: A ideia de Pátria: sua actualidade; o segundo número (2º semestre de 2008): António Vieira e o futuro da Lusofonia e o terceiro, preste a sair, (1º semestre de 2009): O legado de Agostinho da Silva, 15 anos após a sua morte. O quarto número (2º semestre de 2009) terá como tema: Pascoaes, Portugal e a Europa.

Podem os caros leitores ainda saber mais usando a Internet, indo a novaaguia.blogspot.com, ou digitando no Google, Nova Águia, e assim acederem ao blog cuja procura já rivaliza com o da dita Águia símbolo de um clube de futebol.

A revista está vinculada a três entidades: Associação Marânus/ Teixeira de Pascoaes, Associação Agostinho da Silva e MIL (Movimento Internacional Lusófono). Como se refere em contracapa do n.º 1, a Revista Nova Águia “inspira-se na visão de Portugal e do Mundo de Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva, assumindo-se como órgão plural”.

sábado, 7 de março de 2009

INSUCESSO ESCOLAR: UMA PERSPECTIVA EDUCACIONAL E FILOSÓFICA

INSUCESSO ESCOLAR: UMA PERSPECTIVA EDUCACIONAL E FILOSÓFICA
(Trabalho elaborado no âmbito da disciplina de Seminário durante o Estágio do Curso de Especialização em Ensino da Filosofia, em 2007/08)

Autor: Luís Costa

ÍNDICE

INSUCESSO ESCOLAR: UMA PERSPECTIVA EDUCACIONAL E FILOSÓFICA 1
Resumo (Abstract) 1
Introdução – Metodologia de Trabalho. 3
Problematização/Caracterização do Insucesso Escolar 6
Insucesso Escolar – motivações pessoais e conceptuais quanto à temática. 10
Escola da Ponte – Uma concepção alternativa de Educação 13
- O destaque conceptual 13
- Outros aspectos teóricos do Projecto Educativo da Escola da Ponte. 13
- Síntese das ideias base do Projecto 15
O carácter antinómico da Educação – a abordagem de Quintana Cabanas (J. M.ª) 17
A Problemática do Insucesso Escolar face à Minha Perspectiva Metafísica 19
Escola selectiva versus escola inclusiva ou como o problema se pode pôr pela voz de dois líderes partidários 21
Insucesso - Problemáticas associadas à Inteligência Emocional, concepções alternativas de avaliar/examinar. 24
Reflexão Final 26
O Projecto Filoflash face a duas possíveis concepções de Escola. “Platão versus Aristóteles” 27
Insucesso Escolar – Conclusões 29
Bibliografia 31
Anexo I – Projecto Filoflash i
Anexo II – O Problema da Criação iv



INSUCESSO ESCOLAR: UMA PERSPECTIVA EDUCACIONAL E FILOSÓFICA
Resumo (Abstract)
O “Insucesso Escolar” é uma temática complexa e apaixonante, com vasta bibliografia para estudo que nos remete aos mais diversos contributos teóricos e experiências práticas. Nesta base optamos por um enquadramento/síntese baseados em Manuel Reis e Carlos Fontes, mas também outros autores como: Lemos Pires, José Pacheco (Projecto da Escola da Ponte), Guy Avanzini, André Le Gall, Michel Lobrot, Joaquim Azevedo e demais referidos em bibliografia.

Será a partir dos anos sessenta do século ora findo que se começam a questionar as significativas taxas de insucesso escolar. Avultam entre outras razões as económicas e igualitárias, para se encontrar formas de garantir o sucesso de todos os alunos. O que era até então atribuído ao foro individual, tornou-se subitamente um problema sob o ponto de vista social. A escola secundária seria a que se encontrava menos preparada para lidar com a problemática, pois sempre foi sua vocação hierarquizar os alunos de acordo com o seu rendimento escolar, próprio de uma escola de elites versus a emergente escola de massas, de crescente escolaridade obrigatória.

À Escola estava até então implícito que lhe caberia seleccionar os alunos, ter critérios de exigência cognitiva, dar crédito à sua função certificativa e alocativa implícita. Entretanto como refere Lemos Pires haverá um grande equívoco entre uma finalidade educadora da Escola, que garanta a cada um o seu maior sucesso educativo, e aqueloutra, a de seleccionar e hierarquizar em função de discutíveis critérios de “adestramento cognitivo”. “Obrigar cada um a ser um outro-igual-a-todos é negar a possibilidade de existir como pessoa livre e consciente.”

Entretanto e como podemos constatar em Quintana Cabanas. a Educação não tem uma só dimensão, ela é antinómica, muitos dos posicionamentos que poderemos ter perante o acto educativo, dos quais decorrem posicionamentos possíveis perante o “Insucesso Escolar”, dependem da Filosofia Educativa que nos esteja implícita ou explicita.
Pessoalmente defendemos que haverá sempre um movimento dialéctico e que qualquer posição por mais “perfeita e platónica” que nos pareça ela encerrará em si uma potencial negação dessa posição. Será a nossa sina algo similar à do herói do mito de Sisifo. Contudo e no sentido possível e optimista que queiramos dar à Vida, acreditamos que dum ponto de vista popperiano poderemos construir um mundo menos adverso usando a racionalidade.

É neste contexto que entendemos que a problemática do insucesso balanceará sempre entre dois pólos:
- A necessidade de a Escola classificar e seleccionar, a fim de garantir, entre outros pontos, a credibilidade dos saberes académicos (por vezes muito discutíveis…), baseada no seu carácter certificativo (o diploma) e alocativo implícito.
- A necessidade de se garantir a cada qual o seu maior sucesso educativo possível, uma preparação para a vida que privilegie a identidade e autonomia de cada um, sem discutíveis classificações, que implicam necessariamente hierarquização e amiudadas vezes exclusão.

De entre os muitos pontos possíveis de trabalhar o Insucesso elegemos como primordiais o trabalhar-se cada vez mais a Motivação e a Vontade do aluno, conseguir-se o acreditar deste em si próprio para ultrapassar dificuldades. Este trabalho pode hoje ter grandes contributos da Filosofia Prática, dos contributos de psicólogos da inteligência emocional, da racionalidade vista como integradora de emoções.

Haverá também que dar preferência sempre que possível, a metodologias de acção que partam do particular concreto do aluno, para promover um saber-ser e um saber-fazer, que estimulem a autonomia e a solidariedade humana, daí o nosso projecto Filoflash.

Há ainda que ter em conta como objecção ao saber académico tradicional que “O simples facto de se obter boas notas na escola e de se possuir um elevado QI não é suficiente, já que o êxito na vida – tanto a nível privado como profissional – será determinado a uns 80% por outros factores muito diferentes (…) sobretudo o controlo inteligente das emoções, próprias e alheias”.

Introdução – Metodologia de Trabalho.

Com este trabalho subordinado ao tema “O Insucesso Escolar” pretende-se produzir uma reflexão crítica que ultrapasse a simples dimensão pedagógica da abordagem da problemática, mais própria das Ciências da Educação, vincando sempre que possível uma postura de análise filosófica, que nos remeta à Filosofia da Educação, integrando contudo as várias perspectivas de abordagem que ao longo dos anos nos foi dado conhecer lendo ou contactando com alguns vultos significativos do processo educativo.

Como metodologia de trabalho teórico socorremo-nos da literatura mais significativa que fomos adquirindo aos longo de trinta e três anos de docência, e que de uma forma mais ou menos sistemática nos foi moldando o pensamento, numa dialéctica contínua confrontando a teoria com a prática docente absorvente, que por vezes nos deixa pouco espaço a uma maior reflexão, principalmente aquele conceito de docente como profissional reflexivo abordado e teorizado por exemplo em Donald Schün. E nesta reflexão que temos encetado entendemos essencial o carácter dialéctico da Vida e também da Educação, inclusive com algo de antinómico entre um ensino académico de qualidade que impõe a selectividade e uma outra perspectiva, a de dar a cada um a seu maior sucesso.

Assim o insucesso escolar ganha notabilidade quando se passa de uma escola de elites para umas escola de massas e na Europa e mundo desenvolvido desponta ideais mais igualitários. Antes este era visto como algo de natural, algo até de muito necessário, a fim de se garantir uma pretensa qualidade de ensino. Contudo, com a democratização deste, com a introdução da escolaridade obrigatória, com esta crescendo cada vez mais, começamos a ver que muitos daqueles que com boa vontade pretendíamos dar um bem maior que todos julgamos louvável, eles contudo falham e poderemos perguntar porque é que o paradigma herdado da escola de elites nunca foi mudado significativamente permitindo um ensino diferenciado que privilegiasse as potencialidades de cada um, mas obviamente com certificações diferenciadas, e não como talvez agora se pretenda com certas perversões das Novas Oportunidades.

Assim a questão mais radical neste processo é se teremos o direito de lançarmos no insucesso alunos, só porque estes não funcionam no sistema escolar marcadamente académico, em especial alunos provenientes de classes menos escolarizadas e onde todas as estatísticas relacionam com uma acentuada correlação com o insucesso. Claro que temos sempre o fenómeno da resiliência que também nos mostra que há alunos daí provenientes que acabam por ter sucesso maior do que esperado ultrapassando amiúde filhos de família onde geralmente o insucesso escolar é bem menor.

Ora o dito anteriormente aponta para uma das maiores objecções que poderemos fazer a quem constantemente defende o sair-se de uma avaliação tradicional selectiva, versus uma que garanta sucesso contínuo, e que será a de não prepararmos a criança e adolescente para a Vida activa que é necessariamente competitiva, criando-se facilitismo sempre prejudicial para o sucesso futuro na vida adulta dos educandos.

Por outro lado também vemos que depois na vida activa muitos dos alunos de insucesso escolar tiveram muito êxito profissional versus outros que tendo sucesso académico, falharam na vida adulta activa, lançando-se uma outra temática que é a das inteligências múltiplas e o da inteligência emocional.

Surge-nos então como se disse o reflectir sobre a situação, e essa é a área nobre da Filosofia. É assim que a nossa análise irá incidir essencialmente numa metáfora de dois filósofos (Platão e Aristóteles) que sendo duas das personalidade das mais influentes da Filosofia na Antiguidade continuam actuais, o que reflecte a incontornabilidade dos grandes pensadores e também da Filosofia.

Assim julgamos que a escola pública pode acima de tudo ter uma componente mais platónica ou mais aristotélica. Esta metáfora que desenvolvemos tem-nos aliás acompanhado desde aquele tempo que sendo docente no primário, decidi completar Curso Completar dos Liceus que havia interrompido e um docente que me deu explicações de Filosofia, Aloísio Lobo, aliás mais tarde docente na FLUP, nos falava entre um ensino mais virado ao expositivo e com pouca ligação ao prático (platónico) e um outro mais virado para o concreto para a partir daí desenvolver-se toda uma reflexão para se procurar chegar à pretensa universalidade dos saberes (aristotélico).

Aqui se centra a nossa metáfora de Platão versus Aristóteles. Queríamos a partir desta fazer uma leitura actual de um ensino que terá necessariamente de visar o abstracto e o conceptual, mas procurar-se que este objectivo seja conseguido partindo-se não de um expositivo magistral com pouco referencial à pratica, antes haver o privilegiar de um ensino que parta do particular concreto de cada aluno, procure trabalhá-lo, para se chegar a um conhecimento mais universalizável.

É neste contexto que apresentamos o projecto Filoflash que inicialmente iríamos apelidar de “Pensamento Crítico”, conforme projecto anexo, que visa desenvolver esta ideia, partindo de trabalhos elaborados e reelaborados pelos alunos, visando-se acima de tudo o que se propõe quanto à metodologia sugerida no Programa na temática de Temas/Problemas e que é entre outros pontos permitir aos alunos uma “reelaboração de materiais” bem como proporcionar ocasião para que estes “adquiram hábitos de estudo e trabalho autónomo”, dando menor primazia à aula magistral que continua a informar muita da nossa prática lectiva docente.



Problematização/Caracterização do Insucesso Escolar
Como dito em Introdução é a partir dos anos sessenta que o Insucesso Escolar é tratado como um drama e se questiona este em nome de uma sociedade mais democrática e de igualdade de oportunidades. Nos pós Abril de 74 continua e com o crescimento da escolaridade obrigatória a sua problematização torna-se mais radical como se pode depreender deste excerto:

“O insucesso escolar e a escala da sua persistência numa sociedade constituem um seguro e indesmentível índice avaliador, quer do grau de gestão democrática das respectivas escolas, quer do grau de funcionamento da democracia da sociedade envolvente. Uma escola verdadeira e profundamente democrática, não se pode dar ao luxo de ‘reprovar’, de criar condições naturais para as repetências, pois de ‘luxo’ se trata verdadeiramente, em última instância.”
M. Reis, ob. cit. p. 270, 1990.


A este propósito M. Reis (Ibid.) refere números que eu quando comecei a leccionar nos anos setenta comecei a ter conhecimento, por exemplo as taxas nacionais das tradicionais repetências na escola primária, ainda no tempo das classes:
1.ª classe: 54%;
2.ª classe: 32,2%;
3.ª classe: 24,6%;
4.ª classe: 27%;

Temos aqui um quadro perfeito de uma escola de elites bem selectiva. Ainda em referência à distribuição destas taxas de Insucesso, M. Reis refere serem estas, um claro indicador de estratificação social:

- Cat. A (profissões liberais e professores – filhos de) 8,6%;
- Cat. B (bancários e func. médios e sup. – filhos de) 16,9%;
- Cat. C (operários, agricultores, pequenos func. – filhos de) 68,2%;


Sendo também bem significativo o Insucesso nas escolaridade subsequentes, ao esquema tradicional de reprovações o insucesso incidia no Ensino Preparatório em: Matemática, Ciências e Português, e no Secundário em Matemática, Português, Ciências.

Por outro lado este autor (Reis, ob. cit., p. 271) refere-nos acerca dos factores de Insucesso Escolar:
- factores sociais: sócio-institucionais e sócio-culturais;
- factores biológicos: de incidência orgânica ou de incidência psico-fisiológica;
- factores psicológicos: de predominância cognitiva, afectiva ou psico-motora.

Ainda no questionamento do insucesso, M. Reis lança o desafio de que se a sociedade e os professores em especial não se interessam pelo sucesso das crianças elas serão fatalmente ‘presas’ pelo Insucesso Escolar, e refere a propósito a experiência de R. Rosenthal, com os ratos subestimados e os ratos sobrestimados, na sua obra Modifiquemos a Escola.

Esta é um repto importante na problemática, Contudo numa perspectiva mais sintética e desapaixonada, Carlos Fontes refere-nos que a problemática do Insucesso significará primeiro de tudo caracterizá-lo, determinar causas, para depois se apontar possíveis soluções.

Entretanto diz-nos que a grande dificuldade destas análises, reside na impossibilidade de se isolar as causas que são determinantes em todo o processo. Haverá todo um conjunto significativo que o condiciona. Utilizando o pensamento deste autor e cruzando-o com outros poderemos sintetizar as causas possíveis do Insucesso Escolar:

1 - Alunos
Aponta-se amiúde possíveis atrasos do desenvolvimento cognitivo nos alunos. As escalas psicométricas de inteligência têm sido apontadas como um bom indicador para identificar estas causas individuais de insucesso escolar. Contudo o problema é que a grande maioria dos alunos que falham nos resultados escolares, têm um desenvolvimento normal.
Em especial no ensino secundário poderemos dizer que a instabilidade característica na adolescência, consta entre as muitas causas individuais do insucesso. Ela conduz muitas vezes o aluno a rejeitar a escola, a desinvestir no estudo das matérias, e frequentemente à indisciplina.

2 - Famílias
É também comum referir-se que os pais autoritários, os conflitos familiares, os divórcios litigiosos, são factores significativos que podem levar a que o aluno se sinta rejeitado, tenha um ambiente adverso, seja mais propenso ao Insucesso.
A origem social dos alunos tem sido a causa mais usada para justificar os piores resultados, sobretudo quando são obtidos por alunos originários de famílias de baixos recursos económicos, onde aliás se encontra a maior percentagem de insucesso. Muitos sociólogos têm construído a partir desta pretensa relação de causa/efeito uma verdadeira bíblia de determinantes sociais que permitem explicar quase tudo.
Os valores culturais destas famílias são, segundo alguns sociólogos, opostos aos que a escola propõe e supõe (mérito individual, espírito de competição, etc). Perante este confronto de valores, os alunos que são oriundos destas famílias estão pior preparados para os partilharem. O resultado é não se identificarem com a escola. Nesta linha de ideias, Holligshead, afirmou que os mais desfavorecidos norteiam-se por objectivos a curto prazo (o presente), o que estaria em contradição com os objectivos visados pela educação (a longo prazo). Esta diferença de objectivos (e valores) acaba por os conduzir a um menor investimento escolar. A demissão dos pais da educação dos filhos, é também hoje uma das causas mais referidas.

3 - Professores
Neste item é também costume apontar-se os métodos de ensino, os recursos didácticos, as técnicas de comunicação inadequadas às características da turma ou de cada aluno. A gestão da disciplina na sala de aula, é outro factor que condiciona bastante o rendimento escolar.
Geralmente também os docentes no início do ano criam expectativas positivas ou negativas sobre os alunos que acabam por influenciar o seu desempenho escolar, (profecias auto-realizáveis). Haverá ainda a referir que pode existir na cabeça da maioria dos professores, um padrão de avaliação que tende a coincidir com uma curva normal. Assim, na avaliação que produzem, parte-se em geral do pressuposto que apenas alguns são bons, a maioria são médios, e proporcionalmente ao número dos primeiros, existem uns quantos que são mesmo maus e têm que ser eliminados.

4 - Escolas
A organização escolar pode também contribuir de diferentes formas para o insucesso dos alunos. O estilo de liderança do director, presidente do conselho executivo, etc. As expectativas baixas dos professores e dos alunos em relação à escola. Nas escolas onde isto acontece os resultados tenderão a confirmar o que todos afinal estão à espera.
Há ainda a falta de Avaliação credível. Deixa muito a desejar uma organização que sistematicamente não avalia externamente os resultados em função dos objectivos que definiu, e a própria avaliação interna tem muito de rotineira de pretenso justificativo de menos bons resultados. Assim dificilmente se procurará identificar as causas dos problemas.
Também a deficiente orientação vocacional que muitos alunos revelam no ensino pós-obrigatório, será agravada pela ausência nas escolas de serviços de informação e orientação adequados.

5 - Currículos
É comum ainda referir-se as elevadas cargas horárias semanais ocupadas pelos alunos em actividades lectivas mais tradicionais, os currículos demasiado extensos, que não permitem que os professores utilizem metodologias activas, onde os alunos tenham o lugar central, a desarticulação dos programas, o desfasamentos entre o currículo escolar e a vida concreta dos alunos.
Assim as elevadas cargas horárias semanais ocupadas pelos alunos em actividades lectivas mais tradicionais, são desde há muito consideradas excessivas e o resultado é os alunos sentirem-se num escola-prisão, sem qualquer relação com os seus interesses.

6- Sistema Educativo
As causas apontadas são também inúmeras. Haverá a salientar a pouca diversidade das ofertas formativas nos níveis terminais do sistema, em particular no secundário. Outras vezes, quando existem, estão desarticuladas das necessidades do mercado de trabalho. O resultado final acaba por ser o de que o aluno ainda que tendo tido êxito no seu percurso escolar, por desajustamento de competências está depois voltado ao fracasso, na sua transição para a vida activa. A elevada centralização do sistema de educativo, não apenas torna a capacidade de resposta (adaptação) muito lenta, como fomenta a irresponsabilidade ou a burocracia, ao nível local (as escolas).

7 - Sociedade
Talvez a justificar aqueles que defendem uma escola mais rigorosa, mas o problema será como consegui-lo no âmbito de uma Sociedade em que hoje poucos têm dúvidas de concordar que esta sociedade actual do dito mundo desenvolvido assenta num conjunto de valores que desencorajam o estudo e promovem obviamente o insucesso escolar. A Diversão, o Individualismo e o Consumismo são três valores essenciais na sociedade actual, em tudo opostos ao que a Escola tradicional significa: atitudes reflectida, procura incessante do saber e de valores perenes.

Insucesso Escolar – motivações pessoais e conceptuais quanto à temática.

Quando no ido ano de 1972 comecei a leccionar a antiga 1.ª classe do Ensino Primário lembro-me de ter sentado numa das carteiras um aluno com treze anos que desde os sete vinha repetindo ano após ano aquele ritual de insucesso. À data docente inicial, mas formatado no conceito de que ensinar bem implicava ser muito rigoroso naquele padrão de saberes tradicionais do aprender-se “a ler, escrever e contar”, do não se transigir, e sempre que necessário reprovar alunos sem qualquer tipo de facilitismo. Esta era solução do sistema, garantindo-se presumivelmente a qualidade de ensino, pelo que achava natural a situação. A culpa seria obviamente do aluno, só excepcionalmente do sistema educativo.

Assim a minha primeira motivação seria conseguir o que outros docentes até à data não tinham conseguido com aquele aluno, ensiná-lo primeiro de tudo a ler. Estava bem longe de formular o problema num horizonte mais vasto, de como por exemplo a reprovação repetida teria criado naquele aluno uma baixa auto-estima que lhe impediria agora o sucesso mais acessível ao comum dos alunos, apesar de este não ser um aluno como atrasos cognitivos significativos que justificassem tamanho número de reprovações.

Interrompida a contra-gosto a leccionação para cumprir o serviço militar obrigatório, quando retornei à dita docência primária já estávamos em pleno pós Abril de 74, e todo um outro discurso emergia em que se questionavam os altos níveis de insucesso e repetências no ensino básico, em especial logo no primeiro ano de escolaridade. Lembro-me do inspector escolar à data citar o livro “Hecatombe Escolar” de um autor belga.

Entretanto e duma forma burocrático faz-se uma lei que impedia que houvesse reprovação logo no primeiro ano de escolaridade. Tecnicamente todos os alunos no ano seguinte seriam alunos de segundo ano de escolaridade. Tal não significava, bem pelo contrário, que aqueles 40/50% número habitual de alunos de repetência logo no primeiro ano de escolaridade tivessem adquirido aquele mínimo de capacidade de leitura inicial exigível. Significativos a este propósito os números de M. Reis anteriormente citados.

Contudo e doravante o problema colocava-se em conseguir-se estratégias lectivas que permitissem interagir com alunos de saberes diferentes. Assim no nível de ensino básico (1.º ciclo) os seus docentes eram confrontados a leccionarem turmas heterogéneas face à tradicional turma homogénea da selectividade da classe. Significativamente falava-se agora em anos de escolaridade versus classes.

E foi talvez a partir deste facto que fui desenvolvendo metodologias que passavam por lidar com a turma heterogénea mas que não cabe agora aqui especificar. Contudo, em especial na leitura referirei como exemplo de que tenho a certeza que através do uso do método global de leitura consegui fazer “a ponte” entre alunos de níveis diferentes. E estes por exemplo em Estudo do Meio, aqueles que no tradicional modelo teriam repetido como aquele aluno que encontrei, mostravam-se tão ou mais capazes do que aqueles alunos de sucesso na escola tradicional de classes. E foi assim que fui ganhando outros horizontes de análise, privilegiando metodologias que me pudessem levar a interagir com alunos de níveis escolares diferentes, coisa que não acontecia na tradicional classe da escola de elites .

Neste contexto fui privilegiando a necessidade de pedagogias diferenciadas bem como metodologias que permitissem integrar saberes heterogéneos. Soube do modelo da Escola da Ponte, hoje um referencial a nível mundial e das muitas dificuldades iniciais que teve em o implementar o colega e amigo José Pacheco, projecto que adiante abordaremos mais detalhadamente. Embora sem nunca me ter integrado naquela dinâmica vi nas visitas que fiz aquela escola como é possível criar-se autonomia no aluno, evitar-se a aula magistral e a tradicional classe.

Aprendi a questionar também em como a reprovação poderia logo à partida “cortar as pernas” a futuros bons alunos. Lembro-me de dar entre outros como exemplo, o facto de que Einstein aos dez alunos ler mal e o seu professor de Matemática chamar-lhe burro. Daí que a partir de então sempre me tivesse interessado pela temática e tenham tido em mim impacto especial a frase que de seguida cito, algo na linha do que depois dirá M. Reis já citado:
“Afinal o que acontece é que se obrigam as crianças a frequentar a escola para depois e sobre elas se impor a obrigação de insucesso (Formosinho, 1987). Esta imposição do risco do insucesso aparece assim como uma perversão do processo utilizado, o da obrigatoriedade, tornando-se, deste modo, uma imoralidade do sistema.”.
Eurico Lemos Pires, in Ensino Básico em Portugal, p. 33, 1989.

Ainda a propósito desta citação queria referir do mesmo autor alguns conceitos nucleares acerca da Educação contemporânea . A propósito Lemos Pires refere a complexificação crescente dos sistemas educativos e a adaptação de modelos organizativos burocrático-industriais, bem como a dominância estatal do sistema. Seguidamente refere-se a uma relação dialéctica ainda não resolvida: “a socialização das crianças e jovens, isto é, dos alunos; a individualização destes, isto é, a procura de desenvolvimento de cada um no respeito pelas suas diferenças”. (Pires, Prefácio, p. 8, 1990)

Seguidamente chamando a atenção para o papel primordial da Escola como educadora refere:
“Os sistemas escolares hoje, mas do que sistemas educativos, são sobretudo sistemas preocupados com a atribuição de credenciais escolares; no pressuposto de que uma tal credencial seja também por extensão, de natureza educativa, o que está ainda longe de estar comprovado” (ibid., p. 9, ob. cit.)

É, pois neste contexto que L. Pires nos fala da função certificativa da escola bem como da função alocativa implícita, ou seja um acerta capacidade desta na quase determinação social do indivíduo, o que certamente poderemos aduzir casos a favor, mas também contra , por exemplo alunos de insucesso que depois tiveram bem mais êxito na vida activa do que outros que conheceram esse sucesso, o que nos remete para a problemática das inteligência emocional de que adiante trataremos.


Escola da Ponte – Uma concepção alternativa de Educação

- O destaque conceptual

- Obrigar cada um a ser um outro-igual-a-todos é negar a possibilidade de existir como pessoa livre e consciente. Não raras vezes, sob o rótulo e o estigma da diferença, se priva a criança diferente de experiências, que lhe permitiriam ganhar consciência de si como ser social-com-os-outros. (…)
- Consideramos que não passaria de um grave equívoco a ideia de que se poderá construir uma sociedade de indivíduos personalizados, participantes e democráticos enquanto a escolaridade fosse concebida como um mero adestramento cognitivo. (…)
- Ser professor na escola da Ponte significa proporcionar às crianças a compreensão do “porquê” e “para quê” do seu esforço, implicá-las num processo de autoformação. Significa sobrevalorizar a capacidade de análise crítica, reforçar a componente de investigação, de modo a incentivar nas crianças hábitos de permanente procura. (… )
- Os alunos gerem, quase em total autonomia, os tempos e os espaços educativos educativos . Escolhem o que querem estudar e com quem querem estudar. (…)
- Educar é mais do que preparar alunos para fazer exames (…). É ajudarem as crianças a entenderem o mundo e a realizarem-se como pessoas, muito para além do tempo de escolarização. Mesmo em aula directa (como os alunos a designam), o professor deverá implicar as crianças no esforço de compreensão dos “porquês” e “para quê”, num processo de auto-formação que valorize a reflexão crítica e a capacidade de análise, deve provocar situações de pesquisa que incentivem atitudes de procura permanentes.
In Projecto da Escola da Ponte, IIE, 1998, pp. 161-167

- Outros aspectos teóricos do Projecto Educativo da Escola da Ponte.

Pacheco, que desde o início (1976) foi o animador e coordenador do projecto educativo da escola da Ponte, então EB1, escrevia em ob. cit., (1993: 34) algo que terá certamente muito a ver com a sua experiência naquela escola e do projecto educativo, a que em equipa, dá animação:

“ Imaginemos uma escola (pode ser a nossa escola) onde cada aluno:
- toma consciência das suas necessidades e dos objectivos que lhe são propostos;
- assume a responsabilidade de desenvolver actividades de um plano em cuja elaboração também participou activamente;
- investiga e selecciona informação;
- escolhe a modalidade e tarefa que convém a cada assunto (individual, grupo, colectivo; relatório, entrevista resumo, gráfico...);
- escolhe o meio de dar expressão às aprendizagens, comunica-o ao professor, avalia-se e é avaliado;
- retoma novo ciclo de aprendizagens, após avaliação do plano anterior.”

Acerca do projecto educativo da Escola da Ponte, José Pacheco sintetiza ainda em páginas da Escola consultáveis na Internet, aquilo que será uma alteração profunda e radical em relação à maioria das práticas educativas que conhecemos. Assim diz que o projecto pressupõe:

“ uma outra organização de escola, uma outra cultura, uma outra relação entre os vários grupos que constituem a equipa educativa (pais, professores, alunos pessoal auxiliar), um outro modo de reflectir as práticas.
(...)
“um modelo de escola que já não é a mera soma de actividades, de tempos livres, de professores a alunos justapostos. É uma formação social em que convergem processos de mudança desejada e reflectida, um lugar onde conscientemente se transgride, par libertar a escola de atavismos, para a repensar”
(...)
Hoje em equipa educativa, todos os professores são professores de todos os alunos e todos os alunos são-no de todos os professores. (...) os professores prescindiram do refúgio numa sala de aula e optaram pela partilha de espaços educativos, para o que fizeram edificar uma escola de área aberta. O derrubar de paredes libertou alunos e professores da rigidez dos espaços tradicionais e acompanhou o derrube de outros muros.

A escola de área aberta, a dita P3, que talvez uma maioria de docentes no 1.º ciclo do ensino básico lhe seja adversa, é peça fundamental no projecto e metodologias aqui levadas à prática a que não será alheia também a formação que o coordenador do projecto teve no passado para este campo específico.

- Síntese das ideias base do Projecto

1. Valores matriciais: solidariedade e autonomia;
2. Atitude inicial :
- Outros modos de ver e fazer a escola;
- Os professores tinham mais interrogações do que certezas;
- Há alunos com dificuldade de aprendizagem e professores com dificuldade de ensino;
- Repensar a escola, a que existia não funcionava, quase nada mudara ao longo de dois ou três séculos;
3. Problema:
- Escola alheada da comunidade, os pais iam à escola para ouvir queixas dos filhos ou assinar fichas, havia uma turma só com alunos que não conseguiam apreender ao mesmo tempo que os outros;
- Trabalho totalmente centrado no professor, cada professor fechado na sua sala.
4. Condição essencial para o sucesso de Projecto: quando todos se conheçam entre si e se reconheçam em objectivos comuns;
5. Atitude e estratégia pedagógica;
- As crianças eram todas diferentes, porquê um trabalho dirigido ao aluno médio que não existe?
- Deixou de se usar manuais iguais para todos; abandonou-se o trabalho em turmas separadas e a divisão dos alunos em anos e classes;
- Começou-se a gerir espaços e tempos de modo diferente, dispensou-se o uso de testes, o aluno só se avalia quando sente que é capaz,
- Os alunos participam na planificação, tomam decisões, desenvolvem pesquisa;
- O trabalho realiza-se em grupos de três heterogéneo, porque todos sabem coisas diferentes, é mais fácil comunicação e aprendizagem;
- Cada aluno só é avaliado quando o solicita e se sente capaz;
- Dentro do Projecto Educativo há muitos e variados projectos;
- Diversificar aprendizagens, torná-las activas e significativas; promover aprendizagens socializadoras;
- Dar atenção ao domínio cognitivo, mas também à aquisição e consolidação de atitudes que são intrínsecas;
6. A equipa de professores próximos da aposentação trabalha com outra equipa que dará continuidade ao Projecto.

Destacamos e sintetizamos alguns dos pontos mais significativos do Projecto e ambiência escolar desta Escola que julgamos ser algo que nos deva fazer reflectir profundamente acerca da problemática do Insucesso, e a que Ruben Alves significativamente dedicou o livro de titulo bem sugestivo “A Escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir”.

O carácter antinómico da Educação – a abordagem de Quintana Cabanas (J. M.ª)

Como refere Quintana Cabanas “a acção educativa debate-se muitas das vezes entre as competências a atribuir à autoridade do educador e a outorgar à liberdade do educando” . Aqui julgo, entronca muita da problemática que temos vindo a desenvolver acerca do Insucesso Escolar. Assim ligamos a tradicional escola de elites muito baseada na autoridade do docente, a uma postura mais próxima do culturalismo de raíz kantiana ou durkheiniana, versus as correntes da Escola Nova mais próximas de uma postura naturalista de raiz rousseauiana.

Quer umas quer outras das correntes nos remetem a concepções bem diversas de encararmos o acto educativo, e o encarar-se uma escola que apele à vontade e seja necessariamente selectiva e uma outra que privilegie mais a liberdade do educando e procure entender o seu maior sucesso educativo possível.

Entretanto a virtualidade nossa poderá estar em partirmos desta concepção dialéctica e até antinómica para abordarmos o acto educativo e posição consequente perante a avaliação de que resulta ou não o dito Insucesso Escolar que temos vindo a tratar.
Assim Quintana Cabanas refere-nos:

“Em Filosofia propuseram-se dois grandes modelos ou métodos de interpretação explicativa do existente no mundo: a analogia e a dialéctica. (…) O método analógico é estático enquanto que o dialéctico é dinâmico. (…). O primeiro vê a realidade como plural e escalonada. (…) Educar-se é passar da possibilidade ao acto, há diversos tipos de educação.
O método dialéctico, que permite pensar o movimento e realizar a síntese dos contrários, parte de outros pressupostos (…). O mundo não aparece estratificado em âmbito e dividido em parcelas (como sucede na visão analógica ...), mas sim como um processo que a partir da desordem tende para a ordem, impulsionado por uma lei interna de solução de conflitos que, à medida que os supera, faz passar as coisas de uma situação originária caótica para um estado final de unidade.

Mais adiante citando O. Reboul diz-nos:
“antinomia não significa simplesmente contradição, mas também oposição de duas leis, quer dizer de duas regras, cada uma delas se pode justificar com justiça a nossa adesão.”
(…)
“A Filosofia a menos que abdique de todo o pensamento, não pode limitar-se a ser só vida. Quer ver claro nela. Superar a antinomia consiste em descobrir um ponto de vista superior que integre as duas teses opostas; que as integre ou as separe, mas fazendo justiça a ambas”.
Quintana Cabanas. Teoria da Educação. Concepção antinómica da Educação. pp. 223, 225. Asa, 1995







A Problemática do Insucesso Escolar face à Minha Perspectiva Metafísica

Analisamos o carácter antinómico da Educação, temos a consciência de que o Mundo é uma criação imperfeita (ver anexo III), adverso, em que na dialéctica da Vida, haverá sempre um sentido em aberto.

O Insucesso Escolar é assim uma entre muitas das problemáticas da Vida em Sociedade. A Vida humana é marcada pela finitude do Homem que quase sempre nos abre à transcendência. A resposta é diversificada, como no-lo mostram as religiões, a filosofia, a ciência, o senso comum geralmente com a inautenticidade do se (Das Man… diz-se, sente-se). Perante isto, num mundo de coisas boas e más, para mim tendencialmente adverso, tenho como pontos fundamentais de análise:
- Há sempre possibilidade de um “começar de novo” (Arendt);
- Assumir-se que somos “seres lançados aqui” (Heidegger);
- “Condenados a sermos livres” (Sartre), para o melhor e para o pior. Será este um pouco o nosso mito de Sisifo tão bem teorizado em Camus.

Geralmente questiono o dogmatismo ligado a uma possível raiz platónica e a Revelação religiosa porque há bem diferentes interpretações da verdade revelada e até ao presente não achei razão suficiente àqueles que se reclamam da “verdadeira”. Assim a Vida para mim é dialéctica, antinómica, dificilmente conseguiremos algum dia “fechar o sentido”.

Neste quadro algo pessimista, vamos contudo tentar ser optimistas. Acredito que será possível o Homem construir progressivamente, um Mundo menos adverso (porque houve uma criação imperfeita) , problematizando o presente, usando a racionalidade, entendendo que a razão se constrói também integrando emoções numa perspectiva de leituras como as de Damásio, Marinoff, Goleman.
É a partir destes pressupostos teóricos que sintetizo minha posição quanto ao tema: Insucesso Escolar.

O Insucesso Escolar é algo de antinómico, ele mover-se-á sempre entre dois pólos:

- A necessidade de a Escola classificar, seleccionar a fim de garantir, entre outros pontos, o empenho de alunos, a credibilidade dos saberes académicos (por vezes muito discutíveis…), baseada no seu carácter certificativo (o diploma).

- Um outro, o da necessidade de garantir a cada qual o seu maior sucesso educativo possível, uma preparação para a vida que privilegie a identidade e autonomia de cada qual, sem discutíveis classificações, que implicam necessariamente hierarquização e amiudadas vezes exclusão .

Face às causas possíveis, e das muitas soluções e estratégias possíveis de minorar o Insucesso privilegio:
- A Motivação do aluno, o acreditar deste em si próprio para ultrapassar dificuldades, o dar-se preferência, sempre que possível, a metodologias de acção que partam do particular concreto do aluno, para promover um saber-ser e um saber-fazer, que promovam a autonomia e a solidariedade humana.

Haverá contudo sempre aqueles que vão reclamar por mais selectividade versus aqueles que se lhe vão opôr para defenderem a inclusão do aluno diferente e de insucesso. Considero entretanto que há lugar para todos, na diferença. A Escola deve procurar potenciar o máximo das potencialidades do Indivíduo, evitando ao máximo a selecção e exclusão, embora não os possamos eliminar de todo.
Contudo, mesmo os objectivos que nos parecem mais consensuais, “platonicamente mais perfeitos”, quando atingidos, encerram em si uma contradição (negação) da posição ideal, se atingida (uma leitura hegeliana heterodoxa, sem fechar sentido…).



Escola selectiva versus escola inclusiva ou como o problema se pode pôr pela voz de dois líderes partidários

Acerca da problemática de uma escola mais tradicional e selectiva versus um escola inclusiva que primordialmente procure o maior sucesso de todos achamos interessante contrapor duas abordagens algo antitéticas como são o caso das expandidas pelo líder e deputado do CDS/PP, Paulo Portas e a da deputada Ana Drago do Bloco de Esquerda.

Assim socorrendo-nos de notícias de expresso on-line destacamos :
“O presidente do CDS-PP, Paulo Portas, contestou hoje o "dogma da escola inclusiva", considerando-o "um erro intelectual de primeira grandeza", e propôs um novo modelo para a educação que promova o esforço e a autoridade.”

Paulo Portas falava no Parlamento, no final de uma interpelação ao Governo sobre educação pedida pelos democratas-cristãos. Assim destacando da notícia:

O CDS/PP anunciou que vai apresentar este mês um projecto de lei da autonomia, qualidade e liberdade escolar, um diploma sobre o sistema de avaliação das escolas, outro que cria uma estrutura independente para a concepção de exames nacionais e um quarto que institui exames nos 4º e 6º anos do ensino básico.
"O seu dogma é o dogma da escola inclusiva, é um erro intelectual de primeira grandeza", defendeu Paulo Portas, dirigindo-se à ministra da Educação, Maria de Lourdes Rodrigues.
Paulo Portas acusou o Governo de "relaxar todos os critérios de esforço e autoridade presentes na escola", de dar instruções para que não haja reprovações, de ter "horror à avaliação", de "relaxar os critérios de assiduidade" e de "disfarçar as estatísticas".
"A escola é uma oportunidade garantida e financiada por toda a comunidade nacional. Depois há uns que a aproveitam, a maioria, e outros que não. Há uns que estudam e outros que não. Há uns que se esforçam o que podem e às vezes o que não podem e uns que não se esforçam, podendo. Há uns que obtêm resultados e outros não", sustentou.
O presidente do CDS-PP defendeu ainda que a escola pública não deve ser apenas o ensino do Estado e que se deve "alargar a liberdade de escolha" para que "quem é pobre possa ter acesso à escola que entende".
"O seu caminho fracassou, nós propomo-nos iniciar outro", concluiu.

No outro lado de pensamento teremos a destacada deputada Ana Drago de que destacamos também excertos de notívia Expresso on-line acerca de Jornadas Parlamentares deste agrupamento político em Aveiro .

“O Bloco de Esquerda anunciou hoje que vai apresentar um projecto-lei para impedir a constituição de turmas exclusivamente constituídas ou por alunos privilegiados ou por repetentes na escola pública, como meio para combater o insucesso escolar.
"É preciso acabar com as turmas de filhos dos doutores e turmas de repetentes", disse a deputada Ana Drago, na apresentação das propostas nas jornadas parlamentares do BE, que decorrem hoje e terça-feira em Aveiro.
O objectivo da proposta do Bloco de Esquerda "é evitar que a organização das turmas expresse uma lógica de segmentação social, contrária a uma escola democrática, inclusiva e plural".
Paralelamente, o Bloco de Esquerda entende que é preciso reforçar as condições em que os professores exercem a actividade docente, para poderem fazer o acompanhamento diferenciado dos alunos.

Julgamos através destes dois deputados ter feito um destaque elucidativo de como se poderá pôr a problemática que temos vindo a desenvolver. Foi assim nossa intenção sem quaisquer intenção de chamamento de atenção para estes políticos enquadrar algo que entendemos significativo acerca da temática que temos vindo a tratar.



Insucesso - Problemáticas associadas à Inteligência Emocional, concepções alternativas de avaliar/examinar.

Dado o já referido acerca de alunos que não obstante terem sido no seu percurso escolar alunos de insucesso e depois na vida activa adulta terem tido sucesso maior do que colegas que foram de sucesso educativo será sem dúvida interessante a Escola ter em atenção também acerca das práticas educativas e currículo associado o seguinte:

“O simples facto de se obter boas notas na escola e de se possuir um elevado QI não é suficiente. O êxito na vida – tanto a nível privado como profissional – é determinado a uns 80% por outros factores muito diferentes (…) sobretudo o controlo inteligente das emoções, próprias e alheias”
D. Martin, Que. Boeck, O que é a Inteligência Emocional, p. 9, ob. cit.

É neste contexto que não nos devemos interrogar acerca de muitos dos dogmas de certos saberes académicos em que quase sempre se baseiam muitas das classificações que produzem insucesso escolar?

Não deverá a Escola preparar os alunos para que estes possam:
- Reconhecer as próprias emoções – Só quem sabe por que se sente, como se sente, pode dominar as suas emoções, moderá-las e controlá-las.
- Saber controlar as próprias emoções – Não podemos escolher as nossas emoções (…) Está na nossa mão contudo poder orientar as nossas reacções emocionais.
- Utilizar o potencial existente – Os verdadeiros bons resultados requerem qualidades como a perseverança, gostar de aprender, ter confiança em si mesmo e ser capaz de passar por cima da adversidade e da derrota.
- Saber pôr-se no lugar dos outros – Os estudos sobre comunicação partem da base de que 90% da comunicação emocional faz-se sem palavras. A empatia frente a outras pessoas requer predisposição para admitir emoções, ouvir com atenção e ser capaz de compreender pensamentos e sentimentos que não tenham sido expressados verbalmente.
- Criar relações sociais – Em todos os contactos com outras pessoas entram em jogo as capacidades sociais: (…) Possuirmos um trato satisfatório com as pessoas depende, de entre outras coisas, da nossa capacidade de criar e cultivar relações, de reconhecer conflitos, de encontrar o tom adequado e de perceber o estado de espírito do interlocutor.
Autores referidos citando estudos de Salovey e Mayer, pp. 18-19.

Será por exemplo interessante ler Méndez, professor de Didáctica na Faculdade de Educação da Universidade Complutense de Madrid, na sua obra de título significativo “Avaliar para conhecer, Examinar para excluir”, quando nos refere:

“Lembre-se que há muitas formas de ser inteligente. A inteligência académica é uma delas, nada mais. Também há pessoas inteligentes, criativas, práticas; há-as contemplativas, intuitivas, curiosas de acção.”

Entre muitas dicas daqui de correntes que Méndez formula destaquemos:

“A aprendizagem e, sobretudo a capacidade para aprender é muito mais ampla, rica e variada do que o resultado que o aluno possa obter num exercício de avaliação seja de que tipo for. (…) Não aceite sem crítica a crença de que se pode ser bom professor ao mesmo tempo que se é muito exigente no momento de avaliar e, por isso, se reprovam uns quantos. (…), o bom professor é aquele que garante a todo o momento que todos quantos com ele aprendem terão êxito. (…) Empenha-se, realmente em comunicar ideias e não apenas em transmiti-las.”

Méndez, ob. cit. pp. 134, 140, 2002.

Ora esta e tantas outras citações desta obra que se poderia aqui fazer e de que se recomenda vivamente a leitura a qualquer agente do processo educativo coloca-nos perante o dilema da avaliação que gera quase sempre exclusão e hierarquização. Elas são também um repto para se pensar práticas alternativas ao ensino selectivo da dita escola de elites.


Reflexão Final

Parece-me que na sociedade moderna como a temos organizada é incontornável uma certa dose de hierarquização, de selecção de alunos, via classificações, carácter certificativo da Escola, quase sempre hierarquizador, gerador de mais ou menos exclusão, incontornável pois a existência de algum Insucesso Escolar. Mas há que evitar muitas das suas perversões.

A Escola, em especial a nível da Pedagogia, cuja missão é a Educação de Pessoas, a quem se pretende proporcionar o desenvolvimento máximo de potencialidades e autonomia, tem de reflectir sobre uma possível pedagogia uniforme, muitas vezes transmitida via manual escolar (análise por ex. Raul Iturra), bem como a nível governamental ter-se uma concepção burocrática da função docente.

Esta problemática do Insucesso Escolar pode servir-nos como um óptimo meio de reflexão para uma Escola Alternativa que proporcione de facto Autonomia aos alunos, que não veja a sociedade de um ponto de vista algo neoliberal e tecnocrático, mas antes o ser-se igual entre iguais, na medida em que o docente pode ser um guia moral, companheiro para a descoberta e maior realização do aluno, na procura de uma maior felicidade possível, esquecendo classificações e hierarquizações.

Basta reflectirmos, por ex., no pensamento e obra do grande pedagogo e filósofo (sem o ter querido assumir) que foi Agostinho da Silva, e também no modelo pedagógico da Escola da Ponte, em Vila das Aves, que teve como dinamizador de projecto, José Pacheco.






O Projecto Filoflash face a duas possíveis concepções de Escola. “Platão versus Aristóteles”


Após a conceptualização até agora expressa cabe-nos justificar aquilo que idealizamos e que nos tem conduzido a acção no terreno, como base empírica do presente trabalho enquanto que docente Estagiário do Curso de Especialização em Ensino da filosofia. Dissemos que sempre que possível haveria que dar-se lugar a metodologias de acção que partam do particular concreto do aluno, para se promover um saber-ser e um saber-fazer, que estimulem a autonomia do aluno e a solidariedade, aliás valores matriciais do Projecto da Escola da Ponte com que nos identificamos maioritariamente.

Ora, como já referido ao longo deste trabalho um dos problemas do nosso ensino será o de ele ser aquilo a que chamámos algo “platónico”, na nossa metáfora, o querer-se chegar às essências do saber, usando pouco a prática, apostando-se na aula magistral, transmissiva do saber, destinada a um aluno médio imaginário, muito própria de uma concepção de Escola baseada na tradicional escola de elites e de turmas pretensamente homogéneas. Como já anteriormente referido defendemos uma postura mais “aristotélica”, o partir-se do particular concreto do aluno para depois se teorizar, e chegarmos às essências do saber. Ainda a propósito, e justificando o maior insucesso nos rapazes versus raparigas lembramo-nos por exemplo daquele Prof. catedrático que no “Pós e Contras” da RTP, falava que haveria mais sucesso na sexo feminino do que no masculino porque para elas a escola de “papel é lápis” funcionava melhor, o que não sucedia com os rapazes que requeriam mais acção.

Esta e outras abordagens sempre nos têm motivado para procurarmos criar alternativas lectivas. Contudo talvez porque tenhamos muito sido educados na escola do “papel e lápis” nem sempre operacionalizamos bem aquilo que idealizamos. Antes, e porque haverá sempre tempo para corrigir, julgamos que no presente o caminho será enfrentarmos à acção com um esquema base mínimo, e depois será o particular concreto do aluno em interacção que nos vai moldando a generalização, serão os ajustes naquele caminho que se faz caminhando.

Foi neste quadro teórico de acção que encontramos nova motivação para reformular a base empírica do projecto inicial de trabalho. Assim, embora cada um de nós nas suas regências use os mais diversificados recursos e estratégias didácticas julgámos sobressai o carácter expositivo da aula centrada no docente.

Por outro lado no 2.º período na Secundária de Baltar houve possibilidade de se propor aos alunos de Filosofia a realização de trabalhos individuais. Na sua correcção põe-se sempre o problema se aquilo representa esforço de pesquisa individual, ou se é mero copy/paste da net, de ajuda de familiares, e/ou amigos. Embora não alheios ao problema, entendemos que a realização de trabalhos individuais pode ser um óptimo meio de a partir do individual concreto do aluno/grupo, se interagir e conseguir melhores resultados do que a partir de uma aula tendencialmente expositiva por mais estratégias didácticas que se criem. Daí o nosso Projecto Filoflash que juntamos em Anexo I.

A partir de trabalhos que foram propostos aos alunos em Baltar, temos vindo a interagir extra aula com estes, inclusive via e-mail, e em breve até aproveitando convite feito pelo Prof. Orientador de acabado formalmente o Estágio e até final de ano lectivo podermos continuar a trabalhar na Escola, termos vindo já a reformular trabalhos na dita interacção com os alunos na base do que teorizamos no Projecto Filoflash pelo que este blog pode muito em breve ter os seus primeiros textos, e quem sabe no futuro poder ser um ponto de encontro de reflexão crítica, filosófica e existencial dos alunos da Escola Secundária de Baltar e docentes seus animadores, criando-se óptimas perspectivas de interdisciplinaridade em especial a nível da Língua Portuguesa, embora obviamente privilegiando a necessária problematização e reflexão filosófica



Insucesso Escolar – Conclusões

A problemática do insucesso escolar move-se como referimos entre dois pólos, o de se conseguir o maior sucesso para cada um, na base de uma escola que não privilegie a selecção e a hierarquização, e o conseguir-se a educabilidade do humano na base de um paradigma da escola de elites que implica para um número significativo, em nome do bom nome desse mesmo paradigma, muitas das vezes o insucesso escolar, e como enfatizam muitos dos teóricos da inteligência emocional em nome muitas vezes de saberes que nem sempre se adequam ao sucesso futuro na vida activa.

O grande desafio que se nos coloca, qual quadratura do círculo será compatibilizar a dita Escola de massas, com o paradigma da Escola de elites. O desafio é como aquela manta curta que quando queremos cobrir a cabeça nos destapa os pés e vice-versa.

Entendemos que uma das alternativas é haver percursos diferenciados, assumir-se que haverá diplomas certificativos de diversos saberes, aceitando-se que o carácter certificativo da Escola é algo de incontornável, o que pressupõe um alocativo implícito. Contudo o que é difícil de se ultrapassar e até perverso se tal vier a acontecer como parece na postura das ditas Novas Oportunidades é o pretender-se nessa diferenciação uma equiparação aquele ensino mais elitista e que eu entendo, para o ser, e como a própria palavra pressupõe, só será acessível a um certo núcleo mais restrito, por tal tendo a selecção e hierarquização implícita.

Contudo na actualidade e face aos desafios de uma sociedade que privilegia a diversão o individualismo, o consumismo teremos de dar também razão aqueles que reclamam por um ensino que crie mais hábitos de trabalho, eduquem a vontade como propunha Alain, dê uma clara indicação ao aluno de que sucesso escolar nunca poderá significar facilitismo, pois a Vida é algo adversa e se tal preparação não for adquirida enquanto aluno mais difícil será a integração na vida activa.

Contudo na visão dialéctica e até antinómica que temos da Educação entendemos que o corpo docente deve estar preparado para em função do particular concreto de cada meio possam desenvolver actividades docentes que cada vez prepare melhor para a Vida tendo sempre presente que cada aluno é Pessoa, e que perante esta idealidade todos somos iguais em dignidade. Tal não obsta, antes se exige que a Escola procure criar hábitos de rigor nivelando por cima como nos propunha Alain, em vez de em nome de um combate imediato ao insucesso se procurar nivelar por baixo.

Será neste contexto que poderemos dizer que haverá sempre lugar para uma Escola de Elites sem que tal implique a sobrequalificação referida em Lemos Pires. Assim as Novas Oportunidades deveriam orientar-se por um paradigma que visasse, o ter-se um diploma que certificasse à partida certas competências práticas, sem que se possa abdicar contudo de chagar as ideias ‘perfeitas’ do universal, do saber académico mais tradicional, mas então quem o pretender dever-se-á submeter ao apertado crivo da escola de elites.

Ora a perversão das novas oportunidades será ao querer-se certificar certas habilitações da Escola da Vida, remetê-las a um quadro referencial de pressupostos tradicionais de saberes académicos que notoriamente o diploma aponta, mas necessariamente esses certificados não possuem, criando uma espécie de má moeda que expulsa a boa moeda, adoptando aqui a metáfora da Lei Gresham, também usada a propósito da política pelo actual Presidente da República.






Bibliografia


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AUTORES VÁRIOS. Sócrates e Platão: Vida, pensamento e obra. Colecção Grandes Pensadores - vol. n.º 1, Público – Comunicação Social, S. A., Lisboa, 2008.

AUTORES VÁRIOS. Aristóteles: Vida, pensamento e obra. Colecção Grandes Pensadores - vol. n.º 2, Público – Comunicação Social, S. A., Lisboa, 2008.

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MARTIN, D., BOECK, K.,. O que é a inteligência emocional. Trad. M. J. Bernardes, QE – Gefüale Auf Dem Vormarsch 1996, Editora Pergaminho Lda, 1.ª edição, Lisboa, 1997.

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PACHECO , J. F., et al. Fazer a Ponte. In “Experiências Inovadoras no Ensino”, pp. 159-180, Biblioteca Nacional, 1.ª edição, Lisboa, 1998.

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PIRES, E.,. Prefácio – O modelo escolar contemporâneo e a natureza da actividade docente. pp. 7-18, in “Estatuto da Carreira Docente” de M.ª A. Sá Carvalho e Paula P. Oliveira, Edições Asa, 1.ª Edição, Rio Tinto/Portugal, 1990.

REIS, L. P., Estudos de Psico-Pedagogia e Política Educativa. Editora Estante, Aveiro, 1990.

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Anexo I – Projecto Filoflash

Escola Secundária c/3 Daniel Faria – Baltar
Ano lectivo de 2007/2008
Actividade: Filosofia na Net

Projecto: Filosofia da Escola Secundária de Baltar na Net - FILOFLASH
Promoção do projecto: Departamento de Ciências Humanas.
Responsável pelo projecto: Núcleo de Estágio de Filosofia. Responsável: Prof. Estagiário, Luís Costa. Supervisão: Prof. Orientador, Fernando Macedo.

Objectivos Gerais.
 Desenvolver a capacidade de pensamento crítico justificado.
 Potenciar capacidades de expressão escrita sobre temáticas essenciais à vida e existência humana, de cariz filosófico.
 Dar bases aos alunos de normas básicas de apresentação de trabalhos académicos como: o resumo (abstract), a metodologia de trabalho, conclusões, normas de citação bibliográfica e fontes, outras.
 Desenvolver o hábito de tomar posição sobre problemáticas da vida e existência.
 Criar o gosto nos alunos pela produção e exposição pública de trabalhos escritos.

Objectivos Específicos
 Desenvolver a capacidade do contraditório sobre opiniões formuladas (possibilidade de crítica ao trabalho posto on-line.
 Procurar que a produção de textos, além dos alunos de excelência, contemple especialmente os de insucesso, de forma a melhorar-lhes auto-estima.
 Introduzir os alunos numa ambiência que com certeza vão desenvolver se prosseguirem estudos superiores, em especial as formas de trabalho mais propostas no processo de Bolonha.

Calendarização: Terceiro período com possibilidade de se prolongar no futuro.


Público-alvo: Alunos das turmas do 10.º B, D, E, 11.ºC. Outros eventualmente interessados em colocar textos com aprovação do núcleo de estágio.


Descrição:

À semelhança de ano lectivo passado interessa dar continuidade e assim reactivar-se a página de Filosofia na net da Escola de Baltar. Dado problemas presentes de possibilidade de acesso à dita página devido a problemas de servidor, adquiriu-se um domínio que foi comprado pelo docente estagiário Luís Costa, de nome FILOFLASH. Criar-se-á depois um link que será anexado à página da Escola na net que remeterá à página a criar no domínio referido.

O objectivo principal é produzir-se uma página, tipo blog, destinada a colocar textos e trabalhos produzidos voluntariamente pelos alunos, com ajuda tutorial docente, no âmbito das temáticas de Filosofia e afins. Pretende-se como referido em objectivo específico, dar uma especial atenção aos alunos que tiveram notas mais baixas na disciplina de Filosofia, bem como os que revelem mais dificuldade de expressão escrita, fazendo-se assim interdisciplinaridade com Língua Portuguesa. Parte-se assim duma perspectiva de optimismo de que alunos como dificuldades de expressão, reflexão, pensamento crítico, possam se virem seus textos publicados, ainda que com ajudem tutorial docente, aumentem auto-estima e desenvolvam capacidades adormecidas de que não se julgariam capazes.

Será um espaço aberto também a textos de docentes. Pretende-se criar também um espaço para crítica de teses defendidas nos trabalhos colocados desenvolvendo o espírito do contraditório, visando-se uma crítica construtiva justificada.


Duração – O projecto desenvolver-se-á no 3.º período do ano lectivo de 2007/08, com possibilidade de continuação em anos subsequentes. Poderá a página funcionar como ponto de encontro de reflexão existencial


Contactos: Núcleo de da Escola Secundária c/3 de Baltar.
Luís Costa, estagiário de Filosofia, tlm. 937 026 992



Anexo II – O Problema da Criação

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O renascer do Espírito da Águia

Acalmem-se os mais fervorosos adeptos do pró ou do contra que não é do símbolo de um clube de futebol português que vamos falar, antes doutra Águia, a prestigiosa revista da Renascença Portuguesa do século ora findo que extinta, qual Fénix renascida adaptada ao séc. XXI, reaparece agora em Espírito com o projecto Nova Águia.

Dir-me-ão que “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, como escrevia Camões - símbolo enorme da Lusofonia. Mas dou comigo a pensar que se na história dialéctica do tempo perscrutámos o constante devir heraclitiniano, também não nos poderá ser alheio o realçar de um talvez encoberto Uno parmenídeo.

Ora o projecto Nova Águia relança neste século o Espírito da Lusofonia, onde se destaca entre outros ilustres, o grande vulto que foi Agostinho da Silva (1906-1996), que como se lhe refere a página da net do Instituto Camões, defende que a Cultura:

“«faça que o povo português tenha confiança em si mesmo», entendendo por «povo português» não apenas os portugueses de Portugal, mas também os do Brasil, laçados de índios e negros, os portugueses de África, tribais e pretos, como também os da Índia, de Macau e de Timor”.

Acalmem-se contudo aqueles que talvez como eu, jovem dos anos sessenta do século passado, desconfiaram do poder político de então, entendendo que era tempo de se acabar como o fechamento de sentido que representava o insistir-se numa ideia de Estado do Minho a Timor, não se compreendendo a necessidade da emergência de novos Estados lusófonos. Se no séc. XIX tinha aparecido o Brasil, com o grito do Ipiranga do nosso rei D. Pedro, IV de Portugal e I do Brasil, era então tempo de se entender “os ventos da história”, descolonizar-se, dando-se novos Estados ao Mundo, imbuídos de cultura lusófona.

Com o necessário distanciamento do tempo em relação à dolorosa guerra colonial passada, às feridas abertas da descolonização que se seguiu e que começam a sarar, é agora tempo de voltarmos a reencontrar novo ânimo, relançar aquilo que une os actuais Estados da Lusofonia ainda incipientemente reunidos na Comunidade de Povos de Língua Portuguesa (CPLP).

É nossa convicção que o projecto Nova Águia vem prestar um grande contributo à Lusofonia e à diversidade de povos que nela tem raízes e pelo Mundo “se encontram repartidos” .

Pensamos que para além do imediato do homem económico, a finitude da Vida nos remete sempre para o seu Sentido. Seja qual for a postura que tenhamos face à possível transcendência que ela possa encerrar, se tal como nos dizia Vinícius de Morais, essoutro grande vulto da lusofonia, “Cultura é fundamental”, enfatizaremos que para darmos esse Sentido à Vida, o “homem português” terá de se reencontrar, relançando-se nas suas raízes, ajudando a crescer uma cultura que subjaz a todos estes Estados – a Lusofonia.

Interessa por tal estarmos atentos a este projecto, por que não aderir e divulgá-lo?!... É neste contexto que quero trazer aos leitores deste blogue a notícia de que já foram lançados os n.º 1 e 2 da revista Nova Águia. Podem ainda saber mais, usando as novas tecnologias, indo a novaaguia.blogspot.com, ou digitando no Google “Nova Águia” e assim acederem ao blogue cuja procura já rivaliza com a da dita Águia símbolo de um clube de futebol.

A revista está vinculada a três entidades: Associação Marânus/Teixeira de Pascoaes, Associação Agostinho da Silva e MIL (Movimento Internacional Lusófono). Como se refere em contracapa o n.º 1 de Nova Águia, esta “inspira-se na visão de Portugal e do Mundo de Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva, assumindo-se como órgão plural”.