quarta-feira, 11 de março de 2009

O RENASCER DO ESPÍRITO DA ÁGUIA

Acalmem-se os mais fervorosos adeptos do pró ou do contra que não é do símbolo de um clube de futebol português que vamos falar, antes doutra Águia, essa prestigiosa revista da Renascença Portuguesa que qual Fénix renascida adaptada ao séc. xxi reaparece agora, em Espírito, através do projecto Nova Águia.

Dir-me-ão que “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, como escrevia Camões - símbolo maior da lusofonia, ao que poderemos contrapor que, se na história dialéctica do tempo perscrutámos o constante devir heraclitiniano, também não nos deverá ser alheio o darmo-nos conta de um talvez encoberto uno parmenídeo.

Assim o projecto Nova Águia procura relançar neste século o Espírito da Lusofonia, onde se destaca entre outros ilustres o vulto de Agostinho da Silva (1906-1996), que como se lhe refere a página da net do Instituto Camões, defende que a Cultura:

“«faça que o povo português tenha confiança em si mesmo», entendendo por «povo português» não apenas os portugueses de Portugal, mas também os do Brasil, laçados de índios e negros, os portugueses de África, tribais e pretos, como também os da Índia, de Macau e de Timor”.

Acalmem-se também aqueles que como eu, jovem dos anos sessenta, desconfiaram do poder político do Estado Novo, entendendo-se à data que seria tempo de se acabar com o fechamento de sentido que representava o insistir-se numa ideia de Estado do Minho a Timor, não se compreendendo a necessidade da emergência de novos Estados lusófonos. Se no séc. xix tinha aparecido o Brasil, com o grito do Ipiranga do nosso rei D. Pedro, IV de Portugal e I do Brasil, seria então já tempo de se entender “os ventos da história”, descolonizar-se, dando-se novos estados ao Mundo, imbuídos de cultura lusófona. Mas são já tempos passados. Com o necessário distanciamento do tempo em relação à guerra colonial passada, às feridas abertas pela descolonização que começam a sarar, é agora tempo de reencontrarmos um novo ânimo, relançarmos aquilo que une os actuais Estados da Lusofonia ainda incipientemente reunidos na Comunidade de Povos de Língua Portuguesa (CPLP).

É, assim, nossa forte convicção que o projecto Nova Águia vem prestar um grande contributo à Lusofonia e a toda a diversidade de povos que nela sentem raízes e pelo Mundo “se encontram repartidos”. Pensamos que para além do imediato do homem económico, a finitude da Vida nos remete sempre para o seu Sentido. Seja qual for a postura que tenhamos face à possível transcendência, se tal como nos dizia Vinícius de Morais - essoutro grande vulto da lusofonia - “Cultura é fundamental”, enfatizaremos que para darmos esse Sentido à Vida, o “homem português” terá de se reencontrar nas suas raízes, ajudando a crescer uma cultura que subjaz a todos os Estados da CPLP – a Lusofonia.

Interessa por tal estarmos atentos ao projecto Nova Águia, por que não aderir e divulgá-lo?! É neste contexto que queremos trazer aos leitores deste jornal a notícia de que já foram lançados os n.º 1 e 2, estando para breve o lançamento do n.º 3 da revista Nova Águia, cuja periodicidade será semestral. O primeiro número (1º semestre de 2008) tem como tema: A ideia de Pátria: sua actualidade; o segundo número (2º semestre de 2008): António Vieira e o futuro da Lusofonia e o terceiro, preste a sair, (1º semestre de 2009): O legado de Agostinho da Silva, 15 anos após a sua morte. O quarto número (2º semestre de 2009) terá como tema: Pascoaes, Portugal e a Europa.

Podem os caros leitores ainda saber mais usando a Internet, indo a novaaguia.blogspot.com, ou digitando no Google, Nova Águia, e assim acederem ao blog cuja procura já rivaliza com o da dita Águia símbolo de um clube de futebol.

A revista está vinculada a três entidades: Associação Marânus/ Teixeira de Pascoaes, Associação Agostinho da Silva e MIL (Movimento Internacional Lusófono). Como se refere em contracapa do n.º 1, a Revista Nova Águia “inspira-se na visão de Portugal e do Mundo de Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva, assumindo-se como órgão plural”.

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